A agricultura em grande escala se desenvolveu, no Brasil, a partir da década de 1960.
Este padrão de agricultura devasta grandes áreas de florestas para o cultivo da monocultura, e exige o uso de fertilizantes para repor ao solo o que a água da chuva, vento e sol retiram do solo nu, sem cobertura vegetal. A cobertura vegetal, árvores e/ou arbusto, associada à cultura agrícola, proporciona sombra e reposição de matéria orgânica por meio da ciclagem de folhas, frutos, sementes e excrementos de animais que procuram esses microhabitats.
Nas monoculturas, insetos que se interessam pela ingestão de estruturas vegetais, tais como folhas, frutos ou sementes, podem se tornar abundantes. A falta de biodiversidade local é a razão para a ausência de predadores naturais desses insetos que se tornam pragas.
O movimento orgânico surgiu para se opor ao modelo de produção em grande escala.
A agricultura orgânica tem base nas observações que Sir Albert Howard fez no início do século XX, sobre os métodos utilizados pelos agricultores indianos, e tem pontos em comum com a permacultura e a agricultura natural. Atualmente, a produção orgânica e o mercado consumidor cresce de forma positiva.
O sistema de produção orgânica exclui o uso de agrotóxicos, fertilizantes e produtos reguladores do crescimento, tem como base o uso de esterco, rotação de cultura, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças. Pressupõe ainda, a manutenção da estrutura do solo, sem alterar suas propriedades por meio de produtos químicos ou sintéticos. A agricultura orgânica está diretamente relacionada ao desenvolvimento sustentável.
Em qualquer tipo de plantio, a primeira preocupação deve ser o solo. A adubação orgânica, com restos de comida, cascas de verduras, sobras de plantas que foram podadas é bem vinda ao solo. Uma técnica que garante a produção de solo adubado é a compostagem, que consiste na produção de solo fértil a partir do acúmulo, em camadas, de matéria orgânica.
O NPK, fertilizante muito utilizado na agricultura tradicional, não está adequado para todas as plantas. O excesso de N, por exemplo, deixa algumas plantas mais moles, "finas" e, consequentemente, mais palatáveis para os insetos.
No entanto, esses componentes, N (nitrogênio), P (fósforo) e K (potássio) são indispensáveis para o crescimento saudável da maioria das plantas. Na EPAGRI, observamos que folhas de cor roxa observadas na plântula de beterraba é indicativo de falta de fósforo.
Em sementeiras de isopor, contendo casca de arroz e vermiculita, as plantinhas crescem e quando já apresentam de 3 a 4 folhas são transferidas para o solo, em definitivo. A palha de arroz utilizada sobre as mudas reflete energia luminosa de comprimento de onda que incomoda alguns insetos, o que evita a herbivoria.
Plântula com falta de fósforo |
Semeadores de isopôr |
Nos canteiros da EPAGRI, diferentes "ervas concorrentes" crescem associadas às culturas de cenoura e beterraba.
Cenoura e "ervas concorrentes" |
Beterraba e "ervas concorrentes" |
Serralha |
Serralha |
Outras "ervas concorretes" que observamos foram:
Carrapicho branco |
Amaranthus sp |
A compostagem também é objeto de interesse nas pesquisas da EPAGRI. Em grandes compartimentos, restos de hortaliças são colocados para decompor e se trasnformar em húmus. A quantidade de minhocas nestes compartimentos deixa claro a importância da matéria orgânica para a saúde biológica do solo.
Matéria orgãnica para a compostagem |
Composto orgânico pronto |
O senhor Júlio nos explica as etapas da compostagem em um modelo de pequenas dimensões:
Obervamos várias outras culturas, tais como:
Oídio - fungo que ataca o tomateiro |
Capsicum sp (pimentão) com flor e fruto |
Cultivo de cacto Mexicano - Pitaia sp, que produz fruto muito apreciado.
Pitaia sp - cacto mexicano. |
Ao final da visita, todos estavam satisfeitos com as informações recebidas. A exceção, no entanto, ficou por conta de uma família de quero-quero que se sentiu muito aborrecida com a nossa presença. Fizeram muito barulho e vôos razantes na tentativa espantar dali os intrusos - nós!!!
Ninho de quero-quero |
Casal de quero-quero |
Encerramos nossa visita com grande satisfação e com a certeza de termos vivido uma tarde muito enriquecedora e fria (8ºC, com sensação térmica de muito menos, devido ao vento frio).
Agradecemos a atenção e as informações passadas pelo senhor Júlio e à EPAGRI por nos receber.
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